sábado, 30 de agosto de 2008

Museu Real

Museu Real

Os antecedentes do Museu Real remetem à antiga Casa de História Natural, popularmente conhecida como Casa dos Pássaros, devido à grande quantidade de aves empalhadas. Criada em 1784 pelo Vice-Rei D. Luiz de Vasconcellos e Sousa, a Casa de História Natural colecionou, armazenou e preparou, por mais de vinte anos, produtos naturais e adornos indígenas para enviar a Lisboa.

Logo após a vinda de Príncipe-Regente D. João, o edifício da Casa dos Pássaros, localizado na antiga Rua do Sacramento, atual Avenida Passos, ainda existia, tendo abrigado por volta de 1811 os encarregados dos serviços de lapidação de diamantes com suas famílias. Posteriormente, dera lugar ao prédio do Erário Público, depois Tesouro Nacional. Em 22 de junho de 1813, o Príncipe-Regente D. João mandou extinguir todos os cargos daquela instituição, e seus móveis e produtos de mineralogia e de história natural foram para a Academia Real Militar, no Largo de São Francisco de Paula. Somente cinco anos mais tarde o Príncipe-Regente criaria o Museu Real do Rio de Janeiro, que incorporou aquele acervo da Casa dos Pássaros. O Museu Real foi fundado pelo decreto de 06/06/1818, com a função de "propagar os conhecimentos e estudos das ciências naturais no Reino do Brasil, que encerra em si milhares de objetos dignos de observação e exame e que podem ser empregados em benefício do comércio, da indústria e das artes".

Em 1820, D.João VI instituiu uma pensão ao naturalista alemão Frederic Sellow para a realização de viagens e explorações filosóficas por diversas partes do Brasil, com a obrigação de repartir com o Museu as coleções feitas no desempenho desses encargos. Através do decreto de 26/02/1821, o Museu ficou subordinado ao Inspetor Geral de Estabelecimentos Literários e Científicos do Reino, conseguindo sua autonomia somente em 1823.

A ampliação das coleções nacionais de história natural foi ocorrendo aos poucos, através de doações. Dentre elas, há registros das doações, em 1823, feitas por Antônio Luis Patrício da Silva Manso, cirurgião-mor e inspetor do Hospital Militar da Província de Mato Grosso, de cerca de 270 espécies de plantas em 2.300 exemplares aproximadamente. A partir da Independência do Brasil do Reino de Portugal, a denominação do Museu mudou para Museu Imperial e Nacional, aparecendo já com essa designação no texto do decreto de 19/11/1824, expressando o papel atribuído à instituição naquela época, ou seja, o de contribuir para a construção da nação brasileira.

A partir de 26 de janeiro de 1828, Frei Custódio Alves Serrão assumiu a direção do Museu Imperial e Nacional, em substituição a João da Silveira Caldeira que passara a ocupar o cargo de provedor da Casa da Moeda. Na gestão de Custódio Alves Serrão o italiano Francisco Ricardo Zani foi encarregado de uma exploração no vale do Amazonas, tendo como auxiliar nos trabalhos de zoologia Estanislau Joaquim dos Santos Barreto, da qual resultaram produtos zoológicos para o Museu.

Em 30 de abril de 1838 foi organizado e entregue ao Ministro do Império Francisco de Paula de Almeida e Albuquerque, o primeiro inventário do Museu, informando sobre o seu acervo: 4.964 produtos zoológicos, 1600 botânicos, 4516 mineralógicos (sem incluir 117 diamantes e as amostras de formação aurífera do Brasil), 1105 moedas e medalhas, 62 quadros, 30 modelos de máquinas industriais, 5181 instrumentos de física e química e cerca de 500 peças de arqueologia e etnografia.

Em 1847 foi nomeado Frederico Leopoldo Cezar Burlamaque, lente de mineralogia e geologia da Escola Militar, para substituir Custódio Alves Serrão na direção da instituição. O prédio do Museu foi ampliado em 1856, e, em 1858, novas alas passaram a ser franqueadas ao público, o qual passou a conhecer uma nova coleção, a de animais marinhos, constituída por cerca de 2000 peças, doada por João de Deus de Mattos.

Em 1856 teve início as conferências públicas sobre zoologia, antropologia, botânica e física, todas realizadas por técnicos das diversas seções do Museu. Naquele mesmo ano, por proposta do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, em sessão de 30 de maio, o governo aprovou a viagem de uma comissão de naturalistas e de engenheiros para a exploração científica das províncias do norte e nordeste do país. A Comissão Científica de Exploração, conhecida como "Comissão das Borboletas", foi concretizada pela Lei de Orçamento e Despesas para os anos de 1857 e 1858, e organizou-se por seções: Botânica (Francisco Freire Allemão de Cysneiros), Geológica e Mineralógica (Guilherme Schüch de Capanema), Zoológica (Manoel Ferreira Lagos), Astronômica e Geográfica (Giacomo Raja Gabaglia), Etnográfica e Narrativa da Viagem (Antônio Gonçalves Dias).

Com a República, o Museu passou a se chamar Museu Nacional, sendo transferido pelo decreto nº 377-A, de 05/05/1890, para o Ministério da Instrução Pública, Correios e Telégrafos. Em 1892, conforme o decreto nº 1.160 de 2 de dezembro, passou a ocupar a sua atual sede na Quinta da Boa Vista, tornando-se na mesma época órgão do Ministério da Justiça e Negócios Interiores, criado em 1891 como resultado da junção de três ministérios - da Justiça, do Interior e da Instrução Pública, Correios e Telégrafos. Lamentavelmente, várias coleções foram perdidas no transporte da antiga para a nova sede.

Um comentário:

Anônimo disse...

Acabou, um incêndio em 02/09/2018 acabou com o museu. Lamentavelmente, história e pesquisas destruídos.